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Entenda o Transtorno Afetivo Bipolar

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transtorno afetivo bipolar

Apesar de muita gente pensar que sabe o que é o transtorno afetivo bipolar, o que se percebe é que isto não reflete a verdade. O resultado disso é o preconceito e a falta de habilidade ao lidar com alguém que sofre deste distúrbio.

Certamente você já deve ter visto alguém fazendo piadinhas ou “diagnosticando” alguém como bipolar. Este tipo de comportamento só ajuda a disseminar uma definição errada sobre esta doença.

Neste artigo vou explicar o que é o transtorno bipolar e outras informações relevantes que certamente irão ajudar muito.

Principalmente se você conhece alguém que pode sofrer com o transtorno bipolar, leia tudo atentamente. Muitas vezes quem precisa buscar ajuda são os parentes ou amigos da pessoa, pois é comum que ela acredite que está bem e recuse tratamento.

O Que é o Transtorno Afetivo Bipolar

O transtorno bipolar também é conhecido como distúrbio bipolar, transtorno bipolar do humor (TBH) ou transtorno afetivo bipolar (TAB). Porém antigamente era chamado de depressão maníaca, depressão bipolar ou ainda de psicose maníaco-depressiva.

Resumidamente, o TAB é um distúrbio de humor, uma doença que se caracteriza principalmente pelas oscilações de humor. Estas alterações, às vezes súbitas, levam o paciente de episódios de depressão à de mania (um estado de euforia), podendo haver fases assintomáticas entre eles.

Estes períodos podem ser muito rápidos, como trocar uma roupa, ou então podem durar semanas e até mesmo meses.

Fases do transtorno bipolar

As fases, também conhecidas como episódios, são basicamente duas: a maníaca e a depressiva. É importante saber diferenciá-las e conhecer bem seus sinais.

Fase maníaca

Na fase da mania o indivíduo tem uma necessidade menor de sono. Sente-se contente e muito energético, podendo comportar-se de forma incomum. Geralmente isto leva a decisões impensadas, sem preocupação ou noção das consequências, como largar o emprego ou fazer uma dívida imensa no cartão de crédito.

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Se estes episódios são leves, menos intensos, com sintomas presentes em menor grau, fala-se de episódios hipomaníacos. Porém, se elas são fortes, são denominadas episódios maníacos.

Em um episódio maníaco, alguns destes sintomas podem ocorrer (ou todos):

  • Ter planos super otimistas e grandes idéias.
  • Necessidade de sono reduzida.
  • A atenção e a concentração e ficam prejudicadas.
  • Maior energia e hiperatividade.
  • Em casos mais graves, pacientes podem desenvolver sintomas psicóticos de delírios e alucinações. Estes delírios normalmente estão associados a um humor eufórico e a um sentimento irrealista de grande importância.
  • Perda de inibição. Isto pode levar a um comportamento impulsivo e inadequado.
  • Um humor elevado, fora da realidade do indivíduo. Muitas vezes a pessoa parecerá eufórica com uma sensação incrível de bem-estar e de ser importante, ficando com um bom humor fora do normal.
  • Irritabilidade.
  • Fala aumentada, muitas vezes rápida e mais alta que o habitual, podendo ser difícil para os outros seguirem.

Ocasionalmente, a criatividade e suas habilidades podem estar claramente acima do nível normal. Os sintomas não são tão fortes a ponto de causar consequências sociais, como a perda do emprego.

Fase depressiva

Já na fase da depressão o paciente pode encarar a vida negativamente, evitar o contato com outras pessoas e, muitas vezes, chorar com muita facilidade. Nesta fase o risco de suicídio é alto, chegando a 6% dos casos diagnosticados.

Nesta fase, os sintomas que podem ocorrer são os seguintes:

  • Desinteressar-se pelas coisas.
  • Mudança no apetite.
  • Ganho ou perda de peso.
  • Sem interesse pelo sexo.
  • Ter pensamentos sobre se machucar ou de que alguém estaria melhor morto.
  • Dificuldade em tomar decisões simples.
  • Sentimentos de tristeza que não acabam.
  • Sentir-se constantemente cansado e sem energia.
  • Dificuldade para dormir ou acordar cedo, ou então dormir demais.
  • Sentimentos excessivos de culpa ou de inutilidade.
  • Incapacidade de enxergar um futuro positivo.
  • Não conseguir se concentrar ou pensar em algo.
  • Não conseguir de gostar das coisas, mesmo as atividades que antes lhe eram prazerosas.

A automutilação também é comum nas pessoas que sofrem do transtorno bipolar, afetando entre 30 a 40% dos pacientes. Problemas como o transtorno de ansiedade e uso de drogas também podem estar associados ao distúrbio bipolar.

Em manias graves ou episódios depressivos, sintomas de psicose também podem aparecer. Podemos citar como exemplo os delírios de grandeza ou a paranóia.

Causas

Acredita-se que o transtorno afetivo bipolar ocorra devido a um desequilíbrio dos transmissores químicos do cérebro. Apesar dos diversos estudos já realizados, ainda não se conhece exatamente qual é a causa do TAB. Porém, pode-se dizer que alguns fatores desempenham um papel importante para o desenvolvimento desta doença. Entre eles, podemos citar:

  • Hereditariedade: o transtorno bipolar pode ter origem genética. Pessoas que têm parentes que são portadores desta doença tem maior risco de desenvolver este distúrbio. Foi estimada em 71% a hereditariedade do transtorno bipolar.
  • Características biológicas: diferenças físicas em determinadas áreas do cérebro são comuns em pessoas que sofrem do transtorno bipolar. No entanto não pode-se afirmar com certeza se isto é uma causa ou se é um resultado da doença.
  • Desequilíbrio hormonal: outra possível causa é o desequilíbrio hormonal.
  • Ambiente: situações como abuso sexual, estresse e outras vivências traumáticas (como a morte de alguém querido) podem também ser fatores de risco ao desenvolvimento do transtorno bipolar.
  • Alteração nos níveis de neurotransmissores: esse fator pode influenciar muito nas causas da bipolaridade.
  • Outros fatores: também podem estar ligados ao desenvolvimento do transtorno bipolar fatores como o estresse prolongado, disfunções da tireoide (hipertireoidismo e hipotireoidismo), puerpério e o uso de remédios inibidores do apetite (anfetaminas e anorexígenos).

Com que frequência os distúrbios bipolares ocorrem?

De uma a três em cada 100 pessoas sofrem de um transtorno bipolar no curso de suas vidas. Diferente das doenças puramente depressivas, homens e mulheres são afetados com igual frequência. É comum que pessoas com transtornos bipolares tenham também outras doenças mentais, tais como a ansiedade, o TOC (transtornos obsessivo-compulsivos), transtornos de personalidade ou TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade).

As doenças bipolares podem afetar qualquer pessoa e geralmente começam no início da idade adulta, por volta dos 20 anos de idade. Porém pode se desenvolver mais tarde, sendo desencadeada por uma convulsão ou uma crise na vida.

Tipos de Transtorno Afetivo Bipolar

O TAB pode ser classificado em quatro tipos, segundo o DSM.IV e o CID-10:

Transtorno Bipolar Tipo I

Neste tipo você tem ataques de mania e surtos de depressão. O transtorno é do tipo I quando:

  • Você teve pelo menos um episódio maníaco que durou mais de uma semana.
  • Você pode ter episódios maníacos, embora a maioria das pessoas com Bipolar I também tenha períodos de depressão.
  • Sem tratamento, um episódio maníaco dura, geralmente, de 3 a 6 meses.
  • Sem tratamento, os episódios depressivos duram um pouco mais: entre 6 a 12 meses.

Tanto na depressão quanto na mania os sintomas são intensos. Causam grandes alterações comportamentais que podem comprometer não só o desempenho profissional, afetando a segurança e a situação econômica do paciente e de pessoas próximas, como também podem afetar os laços afetivos, sociais e familiares.

Transtorno Bipolar Tipo II

Pode ser considerado do tipo II se você teve apenas episódios de mania leves, chamados de hipomania, porém mais de um episódio de depressão grave. Neste tipo geralmente não há prejuízo maior nas atividades do portador nem no seu modo de se comportar.

Transtorno Ciclotímico

As mudanças de humor não são tão graves como as do transtorno bipolar dos tipos I e II, mas podem ser mais longas, podendo evoluir para o transtorno completo. Este é o tipo mais leve do TAB. As oscilações podem ocorrer no mesmo dia, alternando entre depressão leve e hipomania. Comumente são confundidos com um temperamento irresponsável ou instável.

Não especificado (NE) ou misto

Os sintomas são de transtorno bipolar, porém não há como identificá-lo como sendo do tipo I ou do tipo II. Isto afeta aproximadamente 1 em cada 10 pessoas.

Como identificar uma pessoa bipolar?

A famílias e os amigos que normalmente percebem as variações de humor do paciente, principalmente a mania.

Em geral quem percebe que alguém tem variações de humor são familiares ou amigos. O diagnóstico do transtorno bipolar é baseado no relato dos sintomas por estas pessoas ou pelo próprio paciente. É um diagnóstico clínico e pode levar mais de 10 anos para ser concluídos. Isto porque seus sinais podem ser confundidos com outros distúrbios, como a síndrome do pânico, depressão, esquizofrenia ou ansiedade.

Ou seja, para saber se a pessoa realmente tem o TAB, é necessária uma conversa com psicólogo ou psiquiatra. Neste caso é sempre importante integrar amigos ou membros da família no levantamento, desde que o paciente concorde. Isto porque é comum que a percepção da pessoa seja diferente daqueles que a rodeiam.

Também são usados exames como ressonância magnética ou análise sanguínea para descartar alguma causa física, como um distúrbio da tireoide.

Tratamento

É importante saber que não há cura para o transtorno afetivo bipolar. No entanto há como controlá-lo. Para isso é necessário o tratamento com o uso de medicamentos, além de psicoterapia.

É necessário que o paciente mude alguns hábitos, como se alimentar de forma mais saudável, ter um sono melhor e tentar reduzir o nível de estresse. Também é importante que ele evite (ou mesmo pare) com o consumo de substâncias psicoativas como anfetaminas, álcool, cocaína ou mesmo cafeína, por exemplo.

A psicoterapia é muito eficaz, sobretudo quando são levados em conta os pontos fortes do paciente e os problemas pessoais.

Outra coisa que pode ajudar muito é a integração com seus familiares. Desde que o paciente concorde e sempre que possível, isso deve acontecer desde o início da terapia.

Para iniciar uma terapia adequada, frequentemente é preciso uma combinação entre psicoterapia e medicações, sendo que, entre as medicações pode ser utilizado algum estabilizador de humor.

Com tratamento adequado o paciente pode ter uma excelente qualidade de vida.

O que amigos e familiares podem fazer?

Os diferentes episódios de transtorno bipolar são muito onerosos para familiares e amigos íntimos. Tornar-se bem informado sobre a doença, de preferência em conjunto com o parceiro ou membro da família afetado, torna mais fácil lidar com as situações e comportamentos muitas vezes contraditórios, bem como com os estados de espírito fortemente flutuantes.

Para lidar com crises psicológicas durante uma fase da doença, os membros da família precisam estar apostos e atentos. Além disso, precisam encontrar um equilíbrio entre afeto e isolamento, empatia com o indivíduo e dar um feedback sobre o que as crises desencadeiam neles.

Manter esse equilíbrio é um processo demorado que exige muita paciência. Grupos de auto-ajuda para membros da família oferecem apoio e força para lidar com a doença.

Considerações Importantes

Se você acredita que tem transtorno bipolar, busque ajuda de um profissional o quanto antes. Não há motivos para continuar sofrendo, afinal, há tratamento!

E se você tem um amigo ou familiar que tenha esta doença, procure ajuda de um médico ou psicólogo para saber como proceder para ajudar a pessoa. Lembre que a maioria das vezes quem tem bipolaridade não enxerga que tem o problema, são os outros que percebem isso.

Não deixe para depois, com saúde mental não se brinca, ainda mais com o transtorno afetivo bipolar!

E você, tem ou conhece alguém que sofre com o TAB? Conte-nos a sua experiência, a evolução após o tratamento ou como é ter TAB. Enfim, qualquer comentário que escreva no fim da página pode ajudar alguém que precisa, além de nos motivar a continuar escrevendo. Gostou do artigo? Foi útil?

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